segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Que história é essa !!!!

Foi no sábado, na Livraria Cultura do Shopping Bourbon, com festa, música, muita gente, livro e poesia, que a Elaine Gomes lançou o livro dela "Que história é essa". Foram vários momentos de muita emoção, a partir de um poema singelo e profundo de Elaine. Uma vendedora de cataventos brincou com a imagem do vento batendo ora nas pipas do céu, ora nas ondas do mar, nas roupas do varal ou no vestido que a quase fazia voar... a possibilidade de uma linda viagem.


Depois, veio Neusa D`Onofrio com uma belíssima história, fruto do conhecimento de almas e vidas que cercaram a existência daquela menina cujo vestido quase era levantado pelo vento. Conto repleto de imagens e palavras doces e generosas.


Na sequência, o Grupo Malas Portam trouxe a música, a brincadeira, o humor e mais alegria à festa. 
E o encerramento só poderia ficar por conta da Alexandra Pericão que, talentosamente, fez recortes de lindos poemas que, feitos um mosaico, juntaram-se ao poema de Elaine, enquanto o livro Que História é Essa "Aeiouava".    Sim, o livro "Aeiouava". 
Pura magia em uma linda e quente tarde de sábado.  

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Tempo de escolhas



Não me canso desta história. Me toca profundamente. Já li e a contei muitas e muitas vezes. A reflexão é sobre o desafio diário das escolhas. Muitas vezes, elas pesam demais, tornando nossos passos infinitamente difíceis. Por isso adoro essa história de Marina Colasanti, chamada "As Notícias e o Mel". Que maravilhosa escolha a desse rei... E é bom saber que, às vezes, temos condições de fazer opções em nossas vidas. 

As notícias e o Mel

Um dia o rei ficou surdo. Não como uma porta, mas como uma janela de dois batentes.  Ouvia tudo do lado esquerdo. Do lado direito, não ouvia nada. A situação era incômoda, Só atendia aos ministros que sentavam de um lado do trono. Aos outros, nem respondia. E até mesmo de manhã, se o galo cantasse do lado errado, Sua Majestade não acordava e passava o dia inteiro dormindo.
Foi quando mandou chamar o gnomo da floresta. E o gnomo, obediente, apareceu na corte. Veio voando, com suas asinhas. Tão pequeno que, embora todos avisados de sua chegada, quase o confundiram com um inseto qualquer.
Chegou e logo se entendeu com o rei, estabelecendo um trato.  Ficaria morando no ouvido direito e repetiria para dentro – e bem alto – tudo o que ouvisse lá de fora. Tendo asas, e desejando, poderia aproveitar seu parentesco com as abelhas para fabricar no ouvido real alguma cera e um pouco de mel. O trato funcionou às mil maravilhas. Tudo o que o gnomo ouvia, repetia em voz bem alta nas cavernas da orelha, e o eco e a voz do gnomo chegavam até o rei, que passou a entender como antigamente, de lado a lado.
Correu o tempo. Rei e gnomo, assim tão vizinhos, foram ficando cada dia mais íntimos. Um já sabia tudo do outro e era com prazer que o gnomo gritava e era com prazer que o rei ouvia o zumbidinho das asas atarefadas no fabrico da cera e do mel. Uma certa doçura começou a espalhar-se do ouvido real para a cabeça e o rei foi ficando, aos poucos, mais bondoso.
Foi essa a causa da primeira mentira.
O Primeiro Ministro deu uma má notícia no ouvido esquerdo e o gnomo, não querendo entristecer o rei, transmitiu uma boa notícia no ouvido direito.
Foi essa a primeira vez que o rei ouviu duas notícias ao mesmo tempo. Foi essa a primeira vez que o rei escolheu a notícia melhor ...
Houve outras depois.
Sempre que alguma coisa ruim era dita ao rei, o gnomo a transformava em alguma coisa boa. E sempre que o rei ouvia duas notícias, escolhia a melhor delas.
Aos poucos, o rei foi deixando de prestar atenção naquilo que lhe chegava do lado esquerdo, E até mesmo de manhã, se o galo cantasse desse lado e o gnomo não repetisse o canto do galo, Sua Majestade esquecia-se de ouvir e continuava dormindo tranqüilo até ser despertado pelo chamado do amigo.
De um lado o mel escorria. Do outro, chegavam as preocupações, as tristezas, e todos os ventos maus pareciam soprar à esquerda de sua cabeça.
Mas o rei tinha provado o mel e a doçura era agora mais importante do que qualquer notícia. Entregou o trono e a coroa para o Primeiro Ministro. Depois chamou o gnomo para junto da boca e murmurou-lhe baixinho a ordem.
Obediente, o gnomo voou para o lado esquerdo e, aproveitando seu parentesco com as abelhas, fabricou algum mel e abundante cera, com a qual tapou para sempre o ouvido do rei.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

O AMOR DE PEPÊ

Minha amiga Elaine Gomes me pediu uma história há algum tempo. “Tem que ser algo lúdico e sensível”, disse ela. E quando Elaine diz, eu faço com prazer. A história tinha um motivo. Era para uma formatura, festa bonita prá se comemorar os novos profissionais - podólogos.  E aí nasceu a doce história abaixo.


O amor de Pepê
Pepê estava muito triste. Mas tão triste que ele até chegou a conversar sobre sua tristeza com o Pépe, seu irmão. É que Pépe e Pepê eram irmãos gêmeos, daqueles bem parecidos mesmo. Tão parecidos que só dava para perceber uma pequena diferença entre eles quando um olhava para a direita e o outro para a esquerda.
O Pépe logo sacou qual era o problema do Pepê: era mal de amor. Ah... era verdade. O Pepê estava loucamente apaixonado pela moça mais linda do mundo. Ela era tão delicada, parecia até que flutuava no ar... Cheirosa e sempre enfeitada – cada dia com um anel diferente.
O problema é que ela ficava muito, muito longe do Pepê, parecia até que morava no céu, de tão alta e longe que ficava. E o pior,  ela sequer olhava para o Pepê.
E o Pépe, mais ousado, achava que o irmão tinha que tomar uma atitude para chamar a atenção da moça. Ele tinha que dar um jeito para que ela soubesse do amor dele por ela. Por isso, eles traçaram diversos planos, mas nenhum deles deu muito certo. O Pepê chegou até a inventar um rio – fundo e bem gelado – para todo mundo morrer afogado ou de frio – menos ele e a moça, já que o rio tinha sido inventado por ele para ela.  Não que ele quisesse matar todo mundo, só o que ele queria, na verdade, era poder ficar sozinho com ela, mostrar o quanto ele gostava dela.
Mas por alguma razão esse plano, assim como os outros, também não deu certo. E o coraçãozinho do Pepê começou a esmorecer, a sofrer.  Sabe aquela dor de amor não correspondido? Pois é, ele foi adoecendo, adoecendo. E o pior, sabe como são gêmeos, né?  O Pépe começou a sofrer e adoecer também.
E aí, parecia que o mundo ia ficando cada vez mais difícil. Nada mais andava como deveria andar. Pépe e Pepê foram ficando muito mal.
Até que um dia, alguma coisa mudou. Era como se o mundo prestasse atenção neles.  Era como se eles ao pudessem ficar doentes, porque muita coisa dependia deles. Foi numa noite, em que Pepê estava se sentindo muito doente, que aconteceu. Ele acordou com... carinho. Era como se alguém estivesse massageando seu peito... E quando ele conseguiu acordar direito para ver o que é que estava lhe provocando essa sensação tão boa, ele a viu.
Era ela, mais linda que nunca, fazendo massagem em seu peito, como que pedindo para ele ficar bem. E, naquele momento de tamanha delicadeza, ele percebeu que a moça bonita também gostava dele. E sentiu-se a mais feliz das criaturas. Olhou para o lado, procurando o irmão e teve uma surpresa. Havia outra moça tão parecida quanto o seu grande amor ali, junto. Era outra irmã, gêmea e tão linda quanto a moça que ele amava. Pépe, muito danado, sorria satisfeito, enquanto dava uma piscadela para o irmão apaixonado. Irmãos gêmeos, irmãs gêmeas.  Tem coisa melhor que isso?
A partir daquele dia, ninguém mais os separou. Pépe e Pepê, pés esquerdo e direito, casaram-se com as duas lindas mãos que os massageava todas as noites. Quanto a Pepê, o pé apaixonado? Ah, o coraçãozinho que batia dentro do peito daquele pé seguiu a vida cheio de amor. 

domingo, 13 de novembro de 2011

O Joelho Juvenal

Lembro-me de minhas filhas pequenas, quando conhecemos O Joelho Juvenal, de Ziraldo. Elas adoravam esse livro que, vira e mexe, eu lia, que lia, sem precisar falar que todos nós temos o nosso Juvenal escondido, por obra da vida que insiste em correr. Hoje, pensei em quantos anos se passaram desde aquele tempo maravilhoso... Com saudades, posto aqui a história, que sem querer caiu novamente em minhas mãos.

O joelho Juvenal

Era uma vez um joelho que se chamava Juvenal.
Juvenal tinha um problema, coitado: vivia todo escalavrado. Também, quem mandou Juvenal ser joelho de um menino levado?
Juvenal queria muito aprender língua de menino só pra falar assim: “Menino, tem dó de mim!” Mas, quando o esfolado sarava, Juvenal bem que gostava de correr e de saltar.
E ele se desdobrava e se dobrava outra vez todo alegre, pois sabia que, indo e vindo, fazia o seu menino feliz. E ficava muito atento conversando com o pé (pois joelho e pé se falam): “cuidado aí, companheiro ! Pode ser que no meio do caminho tenha uma pedra... e aí, você tropeça e quem vai sofrer sou eu.
Mas não adiantava nda! O pé sempre tropeçava e lá ia o Juvenal outra vez pra enfermaria.
O Juvenal era muito religioso! Mas tinha um pequeno problema com a Semana Santa (que vinha logo depois das férias). Imaginem o Juvenal em que estado ele ficava quando as férias acabavam. Aí, vinha a Semana Santa e o Juvenal, coitado, todo cheio de esfolados, tendo tanto prá rezar.
Mesmo assim, o Juvenal gostava muito da vida. Do vento ventando nele, quando o menino corria, todo feliz, pelo mundo.
E Juvenal adorava quando a água lhe batia até onde ele se achava para ver se a água dava pé. Assim como o pé e a canela, ele também pensava: é o fino ser um mergulhador submarino”.
Um dia, tudo ficou escuro para o Juvenal. E aí, ele descobriu que o menino tinha crescido. E agora, em vez de short, calção ou calça curta, usava calça comprida. Por isso, hoje, Juvenal, tem um pedido a fazer aos fabricantes de calças: que tal criar um modelo de calça, sob medida, que tenha dois buraquinhos, pro Juvenal ver a vida !?

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

PELOS SÉCULOS DOS SÉCULOS: ERA UMA VEZ!

NÃO PERCA ESTE TREM QUE SAI AGORA ÀS 11HORAS
Hoje é 11/11/2011. Valendo-se dessa data única em um século, a Biblioteca Belmonte agrega, pela quarta vez , contadores de histórias para uma maratona de contação para os mais variados públicos, em diferentes espaços. A proposta proporciona o bem estar e a incursão ao imaginário, que só uma narração ao vivo consegue!
Serão histórias lidas, cantadas, narradas e declamadas. Lendas,  fábulas, parábolas, contos de fadas, adágios, cordel, contos tradicionais e outros gêneros estarão no repertório de contadores, arte educadores, professores, estudantes de pedagogia,de letras, bibliotecários, recreacionistas, cordelistas, poetas, mediadores de leitura.
   Hoje, nove estados brasileiros integram a maratona. As histórias serão contadas em bibliotecas, CEIs (Centro de Educação infantil), EMEIs (Escolas Municipais de Educação Infantil, EMEF (Escolas municipais de Educação Fundamental) Escolas estaduais, municipais e particulares de ensino médio, universidades, livrarias, sítios, igrejas, ONGs, Centros Sociais de Juventude, lares, casas de cultura, asilos, orfanatos, hospitais, empresas, teatros, subprefeituras e Centros  de Detenção. 
  O cronograma e roteiro das contações estarão disponíveis na Biblioteca Belmonte, no email: bmbelmonteculturapopular@yahoo.com.br ou asasousa@uol.com.br.  blog http://bibliotecabelmonte2011.blogspot.com . telefones  (011)  5687 04 08   5691 0433 com Andréa ou Dorinha, (011) 9442 01 97 (TIM)  6611 2472 (CLARO) com Antonia Andréa.
 CONTE HISTÓRIAS, NEM QUE SEJA UMA! para seus colegas, familiares, amores, amigos, líder, liderados,clientes, vizinhos, alunos, pacientes, Enfim, a meta é contabilizarmos 1111 histórias no dia 11 do 11 do 11, das 11 às 11h. O slogan é NÃO PERCA ESTE TREM QUE SAI AGORA ÀS 11Hs, senão só no dia 11 do 11 de 3011 

sábado, 5 de novembro de 2011

Aprendendo a voar



Meu amigo João Luiz do Couto, com toda a sua alegria, lançou mais um livro na semana passada. Linda e delicada história, que reproduzo abaixo.

Pitico, o menino que aprendeu a voar

Era uma vez um menino que morava em uma cidade cercada por um grande muro.
O quinto filho de uma família humilde. Por ser um menino franzino e mirrado, era chamado carinhosamente de Pitico. Sua casa ficava próxima à muralha que cercava a cidade.
Todas as tardes, quando chegava da escola, Pitico ia para o quintal brincar; sentava à sombra da figueira, de frente pra o paredão do muro e ficava imaginando como seria do outro lado... O muro era tão alto que poucas pessoas sabiam o que havia lá. E Pitico sonhava um dia descobrir o que havia ali atrás. Pitico ouviu dizer que os livros davam asas às crianças. Mas ele não tinha livros, nem dinheiro para comprar. Decidido, começou a perguntar aos vizinhos como faria para encontrar livros. Até que u, dia, um senhor de cabelos brancos e barba comprida disse que, próximo à praça, no centro da cidade, tinha uma biblioteca. E que lá  Pitico poderia encontrar muitos livros, e não precisar pagar para lê-los.
Pitico foi até a biblioteca e ficou encantado com a quantidade de livros que viu. Eram muitos. Retirou o primeiro e leu ali mesmo; no caminho de volta para casa passou por uma pedreira, quando decidiu pegar uma pedra e levar consigo. Chegou em casa, foi até o quintal, colocou-a ao pé do muro, subiu na pedra para ver o outro lado. Mas apenas uma pedrinha não ajudou muito.
Todos os dias, ao voltar da escola, Pitico passava na biblioteca e retirava um novo livro. E, para cada livro que lia, recolhia uma pedra e colocava ao é do muro do seu quintal.
Quando ele chegava da escola, o Sol já estava se pondo e a sombra do muro anoitecia o quintal. O menino começou a perceber que, a cada nova pedra que colocava e subia, o Sol demorava mais para se por...
Após muitos dias, muitos livros e muitas histórias, Pitico chegou com uma enorme pedra – havia lido um grande livro. Com dificuldade, escalou a pilha de pedras e colocou a pesada pedra no cume.
Lentamente levantou a cabeça e, finalmente, visualizou por cima do muro. Seu rosto foi se iluminando, os olhos brilharam, uma leve brisa acariciou seus cabelos.
O menino sorriu. Quando Pitico chegou em casa, o Sol estava se pondo. Porém, olhando lá de cima de sua montanha, o Sol ainda estava alto, iluminando a tarde. O horizonte azul do céu beijava a terra, muito distante. Os pássaros revoavam o vale florido, que se estendia até às margens do rio. O rio, com suas águas deslizando lentamente, banhava as raízes das árvores do bosque.
Encantado com o que viu, Pitico ficou de pé sobre o muro, abriu os braços e... “voou”. “Revoou” sobre as árvores, sobre a planície, deu um rasante sobre o rio e voltou para casa.
Naquela noite, o menino dormiu mais feliz. E sonhou muito. Sonhou que voava sobre a cidade. Lá do alto, ela via as pessoas caminhando nas ruas, nas praças, via as crianças brincarem nos quintais. Lá de cima, as pessoas eram tão pequenas, pareciam formigas. O mais incrível é que as formigas estavam tão grandes quanto os homens.
Quando acordou, Pitico continuou sonhando. Voando, sonhando e voando...
Coisas de menino...