
Viviam apaixonados uma linda moça e um belo rapaz. Embora tivessem perdido muito com a guerra, eles ainda possuíam dois bens valiosos para os dois. O rapaz havia conseguido não se desfazer do relógio de bolso de seu avô e se sentia-se orgulhoso em informar as horas tirando-o de seu bolso do colete surrado. E a moça, apesar de mal nutrida há muito tempo, ainda tinha uma longa e vasta cabeleira, que mais parecia um manto quando a moça a soltava. E assim, ricos dessa forma simples, o jovem casal levava a vida, tentando ganhar alguns centavos com a vendas de pequenas frutas.

Este, por sua vez, estava ocupado em procurar também um presente para a jovem esposa. Dinheiro, tinha pouquíssimo, mas já sabia o que seria. Uns pentes, muito simples, mas que nos longos cabelos da moça, seriam o mais belo adorno que ele já teria visto. Desta forma, não teve dúvidas: vendeu o relógio para comprar o presente da amada. E assim foi, comprou e correu para casa.
Ao chegar, a jovem esposa de cabelos muito curtos o esperava. Ao vê-la, o rapaz mal pode esconder a decepção. Ela, já chorosa, perguntava o tempo todo se ele não tinha gostado, mas que não ligasse, porque os cabelos cresceriam, que os havia cortado por uma causa justa, etc, etc.
Foi quando ele, sem poder dizer nada, lhe entregou os pentes. Ela, ao ver que recebera um presente que não lhe teria utilidade alguma, não disse palavra, pegou o pequeno embrulho da corrente do relógio que havia comprado para ele. O marido, ao receber um presente igualmente inútil, contou-lhe da venda do relógio.
E neste momento, foi um misto de choro e riso. Eles se abraçaram, riram e choraram, fazendo promessas mútuas de que o futuro seria melhor. Afinal, tinham um ao outro. E um grande e verdadeiro amor, o que era o suficiente. E aquela foi a mais inesquecível noite de Natal que ambos tiveram.
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