segunda-feira, 6 de junho de 2011

A magia da transformação


 
Sábado contei histórias na Livraria PanaPaná. Foi bárbaro! Uma das histórias foi sobre um ... cocô. Foi muito interessante ver as crianças tapando o nariz, gritando "eca, que nojo", fazendo caretas, só de imaginar meu inusitado personagem daquela tarde. No entanto, essa é uma história sobre a natureza das coisas e sua transformação - o que talvez crianças e até mesmo alguns adultos ali presentes possam não ter percebido naquele momento. Mas toda história sempre volta um dia à nossa mente com o seu verdadeiro sentido. Por isso, conto essa história aqui.


O Cocô

Era uma vez... um cocô. 
Um cocô fedidinho, largado no meio da calçada.
Sofria, que sofria, pois  todo mundo que passava por ele dizia coisas como “eca”, “que nojo”, “ai, que horror”. Sem contar os que desviavam, passavam para o outro lado da calçada, e ainda diziam “que absurdo, uma calçada suja assim” ou “ninguém vai tirar isso daqui?”. E o que era pior, além de toda essa rejeição, o cocô recebia na cara fumaça de ônibus e caminhão, xixi de cachorro, cuspida de gente... ai, que isso não era vida. Ele suspirava e pensava o quanto era infeliz e que nada podia ser pior que aquilo tudo.

Ah, mas um dia, o pior aconteceu. Quando o cocô menos esperava, ele foi embrulhado e carregado. Sentia que tudo estava chacoalhando e ele estava indo de um lado para o outro. De repente, foi jogado num lugar escuro, muito escuro. E quando percebeu que estava num lugar pior do que na calçada, a situação ficou ainda mais triste: ele recebeu na cara um monte de coisa que nem sabia o que era. Ficou tudo mais escuro e apertado. O cocô mal podia se mexer. 

Depois de um tempo, ele nem sabia o quanto, talvez dias, a coisa piorou mais um pouco: ele começou a sentir um coisa revirando, uma coisa no seu corpo revirando, uma coisa que embolava tudo, se mexendo como se ele estivesse subindo, crescendo.. E o pobre do cocô percebeu que sua vida iria ficar ainda mais complicada. De repente, quando ele menos esperava, uma luz bem forte bateu em seus olhos (sim o cocô tinha olhos). Agora e o meu fim, ele pensou.

E criou coragem e olhou para cima, na direção da luz. Firmou os olhos e... achou muito bonito o que viu!  Acontece que aquele cocô fedidinho tinha sido carregado por um jardineiro e enterrado em um lindo jardim, servindo de adubo. Aquele cocozinho havia ajudado a uma linda rosa vermelha brotar. 
E, pela primeira vez, ele sentiu-se muito importante e feliz!




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