quinta-feira, 4 de abril de 2013

Pisca-pisca da Emília

A Associação Viva e Deixe Viver me pediu para montar uma oficina para o aniversário de Monteiro Lobato, comemorado no dia 18 de abril, razão pela qual também foi instituído o Dia Nacional do Livro. Isso me deixou muito feliz - pois adoro Lobato - e foi a deixa que eu precisava para reler toda a sua obra. Continuo encantada com aquele cenário maravilhoso do Sítio do Picapau Amarelo, com a abordagem do autor para algumas situações, com os seus personagens maravilhosos. E, em que pese toda a recente polêmica sobre ser ou não racista, defendo arduamente que Lobato deva ser lido, degustado, aproveitado e admirado cada vez mais. Que os leitores optem por avaliar manifestações de racismo ou não, mas que não os impeça ou lhes negue a possibilidade de conhecer esta maravilhosa obra. 
Bom, para mim, há um encantamento especial em várias passagens e, particularmente, em alguns diálogos indiscutivelmente inspiradores. Como esse que publico aqui.


O Eterno Pisca-pisca

...a vida, Senhor Visconde, é um pisca - pisca.
A gente nasce, isto é, começa a piscar.
Quem pára de piscar, chegou ao fim, morreu.
Piscar é abrir e fechar os olhos - viver é isso.
É um dorme-e-acorda, dorme-e-acorda,
Até que dorme e não acorda mais.
A vida das gentes neste mundo, senhor sabugo, é isso.
Um rosário de piscadas. Cada pisco é um dia.
pisca e mama;
pisca e anda;
pisca e brinca;
pisca e estuda;
pisca e ama;
pisca e cria filhos;
pisca e geme os reumatismos;
por fim, pisca pela última vez e morre.
- E depois que morre ? - perguntou o Visconde.
- Depois que morre, vira hipótese. É ou não é?

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